Data de publicação: 7 de outubro de 2025
Tempo de leitura: 5 minutos
Engenheiros e médicos têm algo em comum: ambos carregam responsabilidades técnicas enormes. Se uma obra desmorona, é o engenheiro que responde. Se um atendimento gera complicações, é o médico que responde. Em ambos os casos, o impacto pode ser devastador — financeiro, profissional e emocional.
Por que engenheiros jamais atuam sem seguro
Na engenharia e construção civil, o seguro de responsabilidade civil é prática consolidada e, em muitos casos, obrigatória por lei. Construtoras precisam apresentar apólices antes de iniciar obras de grande porte, e engenheiros respondem solidariamente por falhas estruturais, vícios de construção e acidentes. A legislação brasileira estabelece responsabilidade solidária por até cinco anos após a entrega da obra, conforme o Código Civil. Processos envolvendo colapsos estruturais, infiltrações graves ou acidentes podem gerar indenizações milionárias. Sem seguro, o patrimônio pessoal do profissional fica exposto. Por isso, nenhum engenheiro sério inicia um projeto sem cobertura adequada.
Riscos que o seguro cobre na engenharia
O seguro de responsabilidade civil profissional para engenheiros protege contra erros de cálculo, falhas de projeto, problemas de execução e acidentes causados por negligência técnica. Ele cobre custos de defesa judicial, perícias técnicas, indenizações a terceiros e danos materiais. A cobertura pode incluir desde pequenos vícios construtivos até grandes acidentes com vítimas. Além disso, o seguro garante que o profissional possa continuar trabalhando enquanto responde ao processo, evitando paralisação da carreira. Sem essa proteção, um único sinistro pode consumir décadas de economia e prejudicar irreversivelmente a reputação profissional.
Medicina: responsabilidade sem rede de proteção
De acordo com Gabriel Borduchi, especialista em Seguros de Responsabilidade Civil Profissional para médicos, da Borduchi Seguros, esse é um risco desnecessário. “Assim como na engenharia, onde não se constrói sem seguro, na medicina também não se deve atuar sem a proteção adequada.” O seguro de responsabilidade civil é o alicerce invisível da carreira médica, garantindo que imprevistos não derrubem anos de esforço e dedicação. A diferença crucial é que, na medicina, não existe legislação que exija o seguro. Isso faz com que milhares de médicos atuem completamente expostos, sem saber que um único processo pode comprometer todo o patrimônio pessoal e familiar.
O crescimento dos processos contra médicos
Nos últimos dez anos, processos contra médicos cresceram exponencialmente no Brasil. Pacientes estão mais informados, a judicialização da saúde aumentou e as redes sociais amplificam qualquer insatisfação. Processos de erro médico podem levar anos para serem julgados, exigindo custos altíssimos com advogados especializados, perícias médicas e honorários periciais. Indenizações podem variar de dezenas a centenas de milhares de reais, dependendo da gravidade do caso. Cirurgiões, anestesistas, obstetras e ortopedistas estão entre as especialidades mais acionadas. Mesmo quando o médico é absolvido, os custos processuais e o desgaste emocional são imensos. Sem seguro, essa conta sai inteiramente do bolso do profissional.
BOX DE DESTAQUE: Sinais de que sua profissão precisa de seguro
- Você toma decisões técnicas que impactam a vida de outras pessoas diretamente
- Um erro profissional pode gerar processos que ultrapassam sua capacidade de pagamento
- Você não conseguiria arcar sozinho com defesa judicial especializada por anos
Como funciona o seguro de responsabilidade civil para médicos
O seguro de responsabilidade civil profissional médico (RCP Médico) funciona de forma similar ao seguro para engenheiros. Ele cobre custos de defesa, honorários advocatícios, perícias e indenizações decorrentes de erro médico, imperícia, negligência ou imprudência. O médico escolhe o valor da cobertura conforme sua especialidade e volume de atendimentos. Especialidades de alto risco, como cirurgia plástica ou neurocirurgia, exigem coberturas maiores. O seguro pode ser contratado individualmente ou de forma coletiva, por clínicas e hospitais. A apólice protege o patrimônio pessoal do médico, mantendo sua casa, carro e investimentos seguros mesmo diante de processos milionários.
Diferenças entre atuar com e sem seguro
Médicos com seguro podem defender-se com advogados especializados em direito médico, algo essencial para questionar laudos e contestar acusações técnicas. Eles têm acesso a peritos médicos independentes que podem revisar o caso e oferecer laudos técnicos robustos. Além disso, o seguro oferece suporte psicológico durante o processo, já que a carga emocional de responder judicialmente é enorme. Médicos sem seguro precisam pagar tudo isso do próprio bolso, muitas vezes vendendo bens ou contraindo dívidas. Em casos extremos, profissionais sem seguro desistem da defesa técnica adequada por falta de recursos, aceitando acordos desfavoráveis. A diferença entre ter ou não ter seguro pode determinar o futuro da carreira.
O paralelo entre construção e medicina vai além do óbvio
Tanto engenheiros quanto médicos lidam com sistemas complexos, onde o erro pode ter consequências graves. Ambos precisam de anos de estudo, atualização constante e responsabilidade técnica impecável. A diferença é que a engenharia aprendeu, ao longo de décadas, que a proteção securitária é fundamental. A medicina ainda está despertando para essa realidade. Países como Estados Unidos, Canadá e nações europeias já tornaram o seguro de responsabilidade civil obrigatório para médicos. No Brasil, ainda não há essa exigência legal, mas a tendência é de endurecimento das regras. Médicos que antecipam essa proteção garantem tranquilidade e longevidade profissional.
Checklist: quando contratar um seguro de responsabilidade civil
Contrate o seguro antes de iniciar atendimentos em consultório próprio, clínica ou como autônomo. Se já atua há anos sem seguro, a contratação ainda é possível e recomendada. Avalie sua especialidade e o volume de procedimentos realizados para definir o valor de cobertura. Compare apólices de seguradoras especializadas em seguros profissionais, evitando coberturas genéricas. Leia atentamente as cláusulas de exclusão e certifique-se de que sua rotina está coberta. Mantenha a apólice ativa durante toda a carreira, incluindo após a aposentadoria, pois processos podem surgir anos depois. Consulte corretoras especializadas para entender nuances e escolher a melhor proteção.
Conclusão: proteção é decisão técnica, não luxo
Engenheiros não constroem sem seguro porque sabem que o risco não compensa. Médicos precisam adotar a mesma mentalidade. O seguro de responsabilidade civil profissional não é um custo, é investimento em continuidade de carreira. Ele protege patrimônio, família e reputação diante de imprevistos que nenhum profissional, por mais competente que seja, pode controlar completamente. A decisão de atuar protegido é técnica, racional e urgente. Entre em contato com especialistas em seguros médicos e construa sua rede de proteção antes que seja tarde demais.